2 de dezembro de 2008

Paternidade X Responsabilidade

Juiz Marvin Ramos Rodrigues Moreira
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No final do mês de novembro foi realizada uma mobilização nacional para o registro civil de nascimento e documentação básica, com recomendação do Conselho Nacional de Justiça, o CNJ, encampado por praticamente todo o judiciário brasileiro.

Aqui em nosso estado, a Corregedoria Geral de Justiça igualmente participou, recebendo o apoio e adesão de todos os Juízos de Registro Civil do Estado do Rio de Janeiro.

Na Comarca de Itatiaia, sob orientação do Poder Judiciário local, foi realizado mutirão com a finalidade de garantir a certidão de nascimento a todas as crianças do município, com a participação da Serventia Extrajudicial, da Defensoria Pública e do Ministério Público, lembrando que a documentação básica é necessária para qualquer ato da vida civil. Maiores informações sobre a mobilização podem ser obtidas no site da
Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Apesar da louvável iniciativa que deve ser continuamente apoiada, há várias questões que merecem ser refletidas.

Ser pai não significa apenas registrar o filho na certidão de nascimento, sem lhe dar carinho e atenção depois deste ato.

Ser pai não significa apenas pagar a pensão estipulada pelo Juiz, sem se importar como o dinheiro é utilizado para a criação de seu filho.

Ser pai não significa simplesmente gerar um descendente. Isto qualquer animal irracional pode fazê-lo.

Ser pai é muito mais que isso.

Eu posso, por experiência própria, dizer que nestes últimos quinze dias vivenciei o que é ser pai, em razão da delicada gestação de minha mulher, que precisou, contra a sua vontade, se afastar dos preciosos deveres de mãe e de esposa.

Talvez mais que ser somente pai, vivenciei o que é ser pai e mãe ao mesmo tempo, situação vivida por grande parte daquelas mulheres brasileiras, que, apesar dos filhos que não fizeram sozinhas, são simplesmente abandonadas à própria sorte. Outras ainda, têm a árdua tarefa de conciliar a vida profissional com a pessoal, sem receber o devido reconhecimento de suas incansáveis jornadas.

Hoje digo que ser pai não é estar com o filho só nos momentos felizes, e sim em todos os momentos. É educar, ensinar, chorar junto a saudade da mãe distante; é saber dividir as responsabilidades profissionais com as tarefas cotidianas; é saber dar o carinho necessário; é chegar cansado do trabalho no final do dia e ainda assim sentar para fazer a tarefa; é prestar atenção naquela brincadeira de criança e dela participar com um sorriso no rosto, esquecendo todo o trabalho levado para casa; e é também muito importante saber impor limites e dizer não nas horas necessárias.
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Todos os pais deveriam em algum momento da vida experimentar o que é realmente ser pai, em toda sua plenitude, compartilhando a alegria que os filhos trazem e também a dificuldade de sua criação, apoiando e dando todo o suporte necessário às mães, e somente assim estarão exercendo a chamada paternidade responsável.
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O autor é Juiz de Direito da Vara Única de Itatiaia

Um comentário:

Anônimo disse...

Faço minhas as suas palavras. Eu que luto há vários anos com meu filho em busca de uma mísera pensão, que mal dá para comprar o necessário, e algumas vezes fiquei até sem comer para não faltar pro meu filho, enquanto que o irresponsável do pai tirava onda nas ruas de Itatiaia com carros, motos, cervejas e mulheres. Tive várias audiências com o próprio Juiz Sr. Marvin, aliás luto até hoje e mal consegui receber os anos atrasados, e ele mal olha na cara do filho. Fico indignada comigo mesma, por ter tido um filho com uma pessoa tão mau caráter e sem amor ao próprio filho...